Saturday, March 11, 2006

Goethe, o mar, a terra

CALMARIA
Un silencio profundo a pairar sobre a água,
Nada perturba o sossego do mar,
Com aflição o barqueiro contempla
A superfície lisa ao seu redor.
Nenhuma brisa vem, de nenhum lado!
Um silencio de morte aterrador !
No longe a perder de vista
Nem uma onda a rolar.

OUTRO IGUAL
Por todos os montes
Reina a paz.
No cimo das copas
Mal se pressente
Um sopro.
Os pássaros em silencio no bosque.
Espera um pouco, em breve
Também tu repousarás.

Com estas traduções presto homenagem à memória de Paulo Quintela, que também traduziu estes poemas e cuja Obra Completa está a sair nas Edições da Fundação Gulbenkian.Aquele era, em Coimbra, um tempo de convívio feliz, sabíamos, uns e outros, o nosso lugar esperançado: escrevia-se, pintava-se, fazia-se teatro, política, ainda que sempre à margem, pois a censura existia e a prisão era conhecida de muitos, velhos e novos. Por ser desse tempo, e também para honrar a sua memória, deixo com os meus bloguistas um desenho a tinta da china de António Pimentel. Ele era jovem, fazia parte do grupo.

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