Wednesday, March 29, 2006
Pluie de Neige
Pluie de neige
fleur d'amandier
dentelle
rose et blanche
âme
du paysage
coquille
écume
étoile
qui se défait
couronne
encerclant les rêves
de l'empereur-
-jardinier
Saturday, March 25, 2006
MAIS AURORA
Tivemos ocasião de ver, na Aurora Consurgens, como a Aurora nos aparece como um cântico de vida.Surge ligada às melhores transformações do Ser, tanto espirituais como físicas, por exemplo no Conto da Serpente Verde de Goethe , em que tudo e todos tendem para a luz , símbolo de perfeição e de acabamento. O mesmo se verifica no Fausto II,quando no quarto acto Fausto contempla a massa de nuvens que o tinha transportado para o Oriente, adiando o temível momento do castigo final.Essas nuvens transformam~se numa figura feminina, evocando o seu primeiro amor, o amor da "aurora" da sua juventude, Gretchen, de uma beleza cujo esplendor ultrapassa "o esplendor de todos os tesouros" (v.10063) .
Esta forma, esta Anima, faz com que Fausto renasça para os valores do Espírito, como força libertadora que é.Um alquimista diria que nesse momento de rara sublimação Espirito e Alma estariam a redimir o corpo do herói permitindo-lhe, tempos adiante, o último e definitivo encontro com o Eterno Feminino desejado.
Fausto exclama que essa forma da Aurora redentora o eleva para o éter " levando consigo o melhor da sua alma" (v.10066).
Mas a Aurora é um símbolo ambíguo, como convém aos símbolos. Pode ser negra, a sua luz pode causar horror sem fim. Baudelaire e Rimbaud , antes de Celan, foram os poetas que talvez melhor tenham expresso a dor da luz, o sofrimento que a consciencia de ser arrastava consigo, em vez de os devolver a uma alegria inefável e duradoura.
"Les aubes sont navrantes", escreve Rimbaud no BATEAU IVRE.E ainda: "Toute lune est atroce et tout soleil amer". Rimbaud, alquimista a seu modo, não reconhece a Conjunção do sol e da lua representada nos tratados.O "Corpo Imenso " da deusa, que ele descobre e abraça é como uma Grande Mãe a que ele não deseja prestar culto, pois um tal corpo o aterra e deixaria desfeito (AUBE, in ILLUMINATIONS).
De Baudelaire já se tinha herdado a aurora branca e vermelha " blanche et vermeille" dos debochados, em l'AUBE SPIRITUELLE.
Esta auroras são abismais, não conduzem, como as de Goethe, não purificam, não redimem.Dão conta do homem moderno "Ser lúcido e puro", nas palavras de Baudelaire, puro apenas porque é lúcido.
"Aube,fille des larmes" aurora, filha das lágrimas, escreve também Y.Bonnefoy num dos seus poemas.
E lembro agora Michel Leiris com um fragmento da sua AURORA ( Paris, 1973 ), onde ele se esforçou por dizer tudo:
Le spleen,
la satieté,
le guignon,
l'échec,
l'insuffisance,
le malheur,
l'adversité,
le désespoir,
la détresse,
la lacheté,
l'ennui,
la peur,
la tristesse,
la terreur,
le degôut,
la douleur,
....
la fatigue,
l'épuisement,
la honte,
la crainte,
....
la défaite,
l'abdication,
la ruine,
la perdition,
la chute,
la décheance
....
Saturday, March 18, 2006
ROSA MEL ABELHAS
DAT ROSA MEL APIBUS ...
A Rosa dá o Mel às Abelhas...
As abelhas somos todos nós que, tal como os alquimistas que Robert Fludd evocava, procuramos o centro, mais do que a superfície das coisas.(SUMMUM BONUM, 1629) .
No ROSARIUM PHILOSOPHORUM, antologia de textos alquímicos editados em 1550, encontramos citações de Platão, de Arnaldo de Villanova, de Senior, o Ibn Umail que já referi como autor do Corpus Arabicum, entre muitos outros que se dedicaram aos mistérios desta Arte ou desta Ciencia conforme os pontos de vista.
O autor deste Rosário, que também podia ser um Roseiral, não esconde que lhe agrada a aproximação aos mistérios da Igreja para definir os mistérios da Pedra Filosofal.
O Tratado encerra com uma gravura em que "a vitória da Pedra é representada como a ressurreição de Cristo". A intenção não contém heresia, pelo menos propositada, pelo contrário, procura o clérigo, ou o monge que foi autor ou copista testemunhar da sua fidelidade e devoção sem mácula a uma causa de absoluta entrega espiritual.
A procura do Centro, para um religioso é a procura de Deus.Não é Deus o Centro e a Circumferencia, o Um e o Todo do universo na sua múltipla manifestação? O místico é o que sente, quando se entrega a Deus na noite escura da alma (como S.João da Cruz). O alquimista é o que sente quando se entrega no seu laboratório à nigredo que não só contempla na "materia confusa" como vive na ansiedade da sua própria alma, tendo a noção de que é mesmo da sua alma que se trata e não de qualquer outra coisa, preciosa, eventualmente, mas exterior. Os que buscaram o ouro morreram sofrendo, sem ele. Os que buscaram a pura luz da consciencia atingiram a perfeição, ou ficaram a caminho dela.
Herberto Helder em ÚLTIMA CIÊNCIA (1988) anuncia a sua arte da roseira, a travessia que o afunda no real da palavra como o adepto se afunda no real da "imaginação verdadeira".
" Pratiquei a minha arte de roseira: a fria
inclinação das rosas contra os dedos
iluminava em baixo
as palavras.
Abri-as até dentro onde era negro o coração
nas cápsulas. Das rosas fundas, da fundura nas palavras.
Transfigurei-as.
....
-Uma frase, uma ferida, uma vida selada "
Friday, March 17, 2006
Herberto Helder,ULTIMA CIENCIA
De Herberto Helder se pode dizer que "todos os seus passos" são dados em torno de uma matéria poética e alquímica, porque profundamente transmutada.Nele a palavra faz-se texto e pretexto , adquire espessura material: mineral, vegetal, animal não fugindo ao desmembrar dos corpos de que extrai todo o sangue de vida que contenham.
O AMOR EM VISITA (1958) vem ao longo dos anos culminar em ÚLTIMA CIENCIA ( 1988 ) , obra- prima a que nenhum adepto da alquimia do Verbo deixará de prestar homenagem.
"Com uma rosa no fundo da cabeça,que maneira obscura
de morte.O perfume a sangue à volta da camisa
fria, a boca cheia de ar, a memória
ecoando com as vozes
de agora.
....Uma criança
luciferina."
Já aqui se encontraria um tratado : da Pedra como Vida, da Vida como Criança Eterna, a dos mitos antigos, a que acompanha como Eros a produção da Arte mais subtil.
" Se olhas a serpente nos olhos,sentes como a inocência
é insondável e o terror é um arrepio
lírico. Sabes tudo.
A constelação de corolas está madura contra o granito alto
nas voragens.Rosaceamente.
A tua vida entra em si mesma até ao centro.
Podes fechar os olhos, podes ouvir o que disseste
atrás das vozes
Wednesday, March 15, 2006
A serpente
Bachelard define o arquétipo da serpente como "raiz animalizada, traço de união entre o reino vegetal e o reino animal".A serpente dorme sob a terra, esconde-se nas cavernas, no mundo negro onde não entra luz, como o mundo dos arquétipos vindos do mais longínquo inconsciente(segundo Jung), pertencendo a uma vida que se encontra distante da nossa vida individual, quotidiana, mas sendo antes uma vida emanada do que se define como "arqueologia" psicológica.
Os arquétipos são símbolos arcaicos, e são mais do que isso: são "símbolos motores", dinâmicos na função que exercem, activando as nossas emoções e impulsos mais instintivos, mais primitivos.
Diante da serpente que surge e nos assusta, recorda Bachelard, o impulso do medo, do recuo, é uma herança ancestral de todo o passado da espécie, e não apenas um resultado do nosso medo imediato.
Quando no sonho surge a imagem da serpente o que ali se diz é que existe uma emoção que perturba, não se entende, não está, para o sonhador, ainda "clarificada". Falta precisamente a "luz" da compreensão racional.
A representação do OUROBOROS, a serpente que morde a cauda e que já podemos encontrar nos alquimista gregos e na maior parte dos que lhes sucedem, simboliza o eterno movimento da vida (e não a vida eterna como alguns dizem).
Marie-Louise von Franz no seu estudo sobre O TEMPO ,O RIO E A RODA (Le Temps, le fleuve et la roue, trad. Didier Pemerle, ed Chêne, 1978) percorre as religiões mais antigas desde a chinesa, a hindú, a egípcia, a azteca ou a maya, recuperando na iconografia e nos textos mais conhecidos o arquétipo da roda, ou do dragão, ou da serpente, ou do mero círculo gravado na pedra, a indicação de que o tempo "é um ritmo" e o ritmo a sua medida verdadeira, algo de que os alquimistas sempre tiveram consciencia: daí que à "rubedo " da perfeição, passagem ao vermelho marcando o fim da Obra, muitas vezes indicasssem logo que a ela se seguiria uma nova fase de "nigredo", passagem ao negro, melancolia da alma com todo um recomeço (que nos casos da depressão psicológica) era difícil de aceitar.
Diz M.L.von Franz: " Podemos comparar o tempo a uma roda que gira: o nosso tempo vulgar, aquele de que temos consciencia, seria o anel exterior de um conjunto de circulos concentricos; é o que envolve o tempo eónico, mais lento porque mais perto de centro, tempo do ano platónico, ou do sol dos aztecas, cuja duração é maior do que a do nosso tempo vulgar. Depois vem o illud tempus de que fala Mircea Eliade, situado entre tempo e não-tempo, representando um momento extra-temporal da criação.O centro é o sem -fundo, que não gira, o vazio, a imobilidade permanente fora de todo o movimento, como o TAO chinês descrito para além do ritmo do Yin e do Yang de toda a criação.
Por aqui se vê como como a serpente é uma representação simbólica complexa, como tudo o que respeita à dinâmica da vida. Dá a vida e tira a vida- recorde-se agora o Génesis: consegue tentar Eva e os nossos supostos pais fundadores são expulsos do Éden perdendo a possibilidade da vida eterna.
Goethe, no CONTO DA SERPENTE VERDE (Marchen) de que me ocupei em obra publicada nas edições da Universidade Nova em 1975, faz do arquétipo da serpente o modelo mesmo da transformação, individual e colectiva. Com a intervenção da serpente o par alquímico do principe e da princesa reúne-se e regenera o reino à sua volta, enquanto a serpente, também ela servindo um propósito social, se transforma em ponte, unindo as margens do rio. Goethe, como bom conhecedor da alquimia, não esquece que em toda a realização individual existe uma dimensão universal.
Os arquétipos são símbolos arcaicos, e são mais do que isso: são "símbolos motores", dinâmicos na função que exercem, activando as nossas emoções e impulsos mais instintivos, mais primitivos.
Diante da serpente que surge e nos assusta, recorda Bachelard, o impulso do medo, do recuo, é uma herança ancestral de todo o passado da espécie, e não apenas um resultado do nosso medo imediato.
Quando no sonho surge a imagem da serpente o que ali se diz é que existe uma emoção que perturba, não se entende, não está, para o sonhador, ainda "clarificada". Falta precisamente a "luz" da compreensão racional.
A representação do OUROBOROS, a serpente que morde a cauda e que já podemos encontrar nos alquimista gregos e na maior parte dos que lhes sucedem, simboliza o eterno movimento da vida (e não a vida eterna como alguns dizem).
Marie-Louise von Franz no seu estudo sobre O TEMPO ,O RIO E A RODA (Le Temps, le fleuve et la roue, trad. Didier Pemerle, ed Chêne, 1978) percorre as religiões mais antigas desde a chinesa, a hindú, a egípcia, a azteca ou a maya, recuperando na iconografia e nos textos mais conhecidos o arquétipo da roda, ou do dragão, ou da serpente, ou do mero círculo gravado na pedra, a indicação de que o tempo "é um ritmo" e o ritmo a sua medida verdadeira, algo de que os alquimistas sempre tiveram consciencia: daí que à "rubedo " da perfeição, passagem ao vermelho marcando o fim da Obra, muitas vezes indicasssem logo que a ela se seguiria uma nova fase de "nigredo", passagem ao negro, melancolia da alma com todo um recomeço (que nos casos da depressão psicológica) era difícil de aceitar.
Diz M.L.von Franz: " Podemos comparar o tempo a uma roda que gira: o nosso tempo vulgar, aquele de que temos consciencia, seria o anel exterior de um conjunto de circulos concentricos; é o que envolve o tempo eónico, mais lento porque mais perto de centro, tempo do ano platónico, ou do sol dos aztecas, cuja duração é maior do que a do nosso tempo vulgar. Depois vem o illud tempus de que fala Mircea Eliade, situado entre tempo e não-tempo, representando um momento extra-temporal da criação.O centro é o sem -fundo, que não gira, o vazio, a imobilidade permanente fora de todo o movimento, como o TAO chinês descrito para além do ritmo do Yin e do Yang de toda a criação.
Por aqui se vê como como a serpente é uma representação simbólica complexa, como tudo o que respeita à dinâmica da vida. Dá a vida e tira a vida- recorde-se agora o Génesis: consegue tentar Eva e os nossos supostos pais fundadores são expulsos do Éden perdendo a possibilidade da vida eterna.
Goethe, no CONTO DA SERPENTE VERDE (Marchen) de que me ocupei em obra publicada nas edições da Universidade Nova em 1975, faz do arquétipo da serpente o modelo mesmo da transformação, individual e colectiva. Com a intervenção da serpente o par alquímico do principe e da princesa reúne-se e regenera o reino à sua volta, enquanto a serpente, também ela servindo um propósito social, se transforma em ponte, unindo as margens do rio. Goethe, como bom conhecedor da alquimia, não esquece que em toda a realização individual existe uma dimensão universal.
Freud (a casa, o quarto, a cama)
Freud, num dos seus ensaios sobre o significado simbólico dos sonhos, cuja linguagem ele considera explícita, em muitos dos casos que dá como exemplo identifica a casa com a mulher. A casa representa a mulher, a dimensão do feminino, o que se compreende facilmente, recorda ele, quando nos lembrarmos de que em alemão Mulher se diz Frau, mas se diz igualmente Frauenzimmer ( Frau =mulher, Zimmer= quarto) .Ora o quarto existe numa casa e o quarto da mulher é a representação natural da casa como mulher.
Interessante é notar como a linguagem condiciona o pensamento e a interpretação que se faz, neste caso de um sonho que foi narrado por um dos pacientes de Freud.
Em português podemos encontrar um exemplo igualmente significativo: "camareira", a mulher que faz o serviço dos quartos, e por dedução , ou ampliação do sentido simbólico, o serviço da cama, pois ao arrumar o quarto arruma a cama, mas pode também deitar-se nela , e ser casa e ser quarto e ser cama, numa série de "condensação " de sentidos, o que é próprio do sonho, como Freud o define.
A língua que se aprendeu ao colo da mãe, no espaço em que se cresceu , é aquela que marcará directa ou indirectamente, consciente ou inconscientemente, a nossa reacção, seja sobre o que for ao longo da vida.
A linguagem dos sonhos é arcaica, directa, e embora não pareça, diz logo o que tem a dizer.
Sugestão de leitura: G.A.Goldschmidt, QUAND FREUD VOIT LA MER, Buchet/Chastel,1988
Interessante é notar como a linguagem condiciona o pensamento e a interpretação que se faz, neste caso de um sonho que foi narrado por um dos pacientes de Freud.
Em português podemos encontrar um exemplo igualmente significativo: "camareira", a mulher que faz o serviço dos quartos, e por dedução , ou ampliação do sentido simbólico, o serviço da cama, pois ao arrumar o quarto arruma a cama, mas pode também deitar-se nela , e ser casa e ser quarto e ser cama, numa série de "condensação " de sentidos, o que é próprio do sonho, como Freud o define.
A língua que se aprendeu ao colo da mãe, no espaço em que se cresceu , é aquela que marcará directa ou indirectamente, consciente ou inconscientemente, a nossa reacção, seja sobre o que for ao longo da vida.
A linguagem dos sonhos é arcaica, directa, e embora não pareça, diz logo o que tem a dizer.
Sugestão de leitura: G.A.Goldschmidt, QUAND FREUD VOIT LA MER, Buchet/Chastel,1988
Monday, March 13, 2006
Lambsprinck, a pedra filosofal
Deste poeta alquimista pouco se sabe , a não ser que o tratado DE LAPIDE terá sido a sua única obra.Publicado primeiro em latim em 1599 e em alemão em 1625 foi conhecido de Nicolas Flamel que o cita no Livre de Figures... e influenciou certamente Michael Maier na sua Atalanta Fugiens .Maier inclui o tratado no MUSAEUM HERMETICUM ,logo na primeira edição de 1625 que foi seguida de várias outras.
As gravuras com que são ilustrados os poemas ajudam a um melhor entendimento do significado simbólico do "empreendimento" que é o trabalho, a Obra do filósofo.No caso da serpente alquímica são de notar a Segunda e a Sexta Figuras.
Reza o poema da Segunda:
" O filósofo diz agora
que a floresta esconde um animal
todo coberto de negro.
Se alguém lhe cortar a cabeça
perderá sua côr negra
revestindo-se de um branco muito puro.
Procurai o sentido verdadeiro:
ao negro chama-se cabeça de corvo.
Quando desaparecer
surgirá a côr branca."
A legenda que encima a gravura, com o título de Putrefacção ,acrescenta mais sentido: "aprendei aqui a ver depressa /o animal negro na floresta".
O negro, seja dragão, corvo, serpente, aponta a fase de que toda a Obra partirá pelo trabalho paciente do adepto.
Na sexta figura a legenda chama a atenção para o facto de o veneno do dragão conter a medicina.Eis o poema:
"Um horrível dragão habita na floresta.
Cheio de veneno, nada lhe falta.
....
O seu veneno dará a medicina suprema.
Consome logo o veneno
devorando a própria cauda.
....
Os sábios no fim verão estas energias
e maravilhados alegrar-se-ão."
Não é preciso comentar muito mais. Este dragão que se enrola devorando a própria cauda é o OUROBOROS da alquimia grega, a serpente das energias complexas e contrárias mais profundas,que a denominação de negro/branco, veneno/medicina, etc,representa. Jung diria que estamos perante o jogo do inconsciente /consciencia de que dependem tantas vezes questões de vida ou de morte ainda que simbólicas.
(Deixo para os curiosos a nota da edição de que parti, nestas citações: Lambsprinck,LA PIERRE PHILOSOPHALE, Archè, Milão, 1971 )
Sunday, March 12, 2006
A Salamandra
A salamandra, que se alimenta do fogo, e a fénix, que renasce das suas cinzas, são das representações mais frequentes do Bestiário alquímico. A primeira simboliza a Pedra ao rubro, étapa final da Obra, do processo de transformação; a segunda o eterno recomeço de um processo que em verdade não tem fim. A transformação tem de ser permanente para ser real. Deixo o leitor com outra obra-prima de Yves Bonnefoy inspirado e inspirador de uma alquimia secreta e profunda de que ele mesmo foi sujeito e objecto.
LIEU DE LA SALAMANDRE
La salamandre surprise s'immobilise
Et feint la mort.
Tel est le premier pas de la conscience dans les pierres,
Le mythe le plus pur
Un grand feu traversé, qui est esprit.
....
O ma complice et ma pensée, allégorie
De tout ce qui est pur,
Que j' aime qui resserre ainsi dans son silence
La seule force de joie.
Que j'aime qui s'accorde aux astres par l'inerte
Masse de tout son corps,
Que j'aime qui attend l'heure de sa victoire,
Et qui retient son souffle et tient au sol.
(in VRAI LIEU)
Saturday, March 11, 2006
Goethe, o mar, a terra
CALMARIA
Un silencio profundo a pairar sobre a água,
Nada perturba o sossego do mar,
Com aflição o barqueiro contempla
A superfície lisa ao seu redor.
Nenhuma brisa vem, de nenhum lado!
Um silencio de morte aterrador !
No longe a perder de vista
Nem uma onda a rolar.
OUTRO IGUAL
Por todos os montes
Reina a paz.
No cimo das copas
Mal se pressente
Um sopro.
Os pássaros em silencio no bosque.
Espera um pouco, em breve
Também tu repousarás.
Com estas traduções presto homenagem à memória de Paulo Quintela, que também traduziu estes poemas e cuja Obra Completa está a sair nas Edições da Fundação Gulbenkian.Aquele era, em Coimbra, um tempo de convívio feliz, sabíamos, uns e outros, o nosso lugar esperançado: escrevia-se, pintava-se, fazia-se teatro, política, ainda que sempre à margem, pois a censura existia e a prisão era conhecida de muitos, velhos e novos. Por ser desse tempo, e também para honrar a sua memória, deixo com os meus bloguistas um desenho a tinta da china de António Pimentel. Ele era jovem, fazia parte do grupo.
Un silencio profundo a pairar sobre a água,
Nada perturba o sossego do mar,
Com aflição o barqueiro contempla
A superfície lisa ao seu redor.
Nenhuma brisa vem, de nenhum lado!
Um silencio de morte aterrador !
No longe a perder de vista
Nem uma onda a rolar.
OUTRO IGUAL
Por todos os montes
Reina a paz.
No cimo das copas
Mal se pressente
Um sopro.
Os pássaros em silencio no bosque.
Espera um pouco, em breve
Também tu repousarás.
Com estas traduções presto homenagem à memória de Paulo Quintela, que também traduziu estes poemas e cuja Obra Completa está a sair nas Edições da Fundação Gulbenkian.Aquele era, em Coimbra, um tempo de convívio feliz, sabíamos, uns e outros, o nosso lugar esperançado: escrevia-se, pintava-se, fazia-se teatro, política, ainda que sempre à margem, pois a censura existia e a prisão era conhecida de muitos, velhos e novos. Por ser desse tempo, e também para honrar a sua memória, deixo com os meus bloguistas um desenho a tinta da china de António Pimentel. Ele era jovem, fazia parte do grupo.
A cozinha dos Alquimistas
DEDICATÓRIA : Ao Fokas e à Maria , esta cozinha e seus felizes cozinhados.
A verdadeira legenda que surge no MUTUS LIBER reza, em pé de página : 100. 1000. 10000. 100.1000 10000. &c e o que significa, para os entendedores, é a multiplicação.
Deste modo se transmutam os metais em ouro, na utopia de uns, e se distribui alegria de vida na realidade de outros,sendo a mulher a sempre presente inspiradora e companheira no decurso da Obra.
Friday, March 10, 2006
Agora o Vinho
A "metáfora verdadeira", na acepção de Bachelard,é verdadeira duas vezes:" verdadeira na sua experiencia e verdadeira no seu élan onírico". E refere como exemplo a "vinha alquímica", que tanto pode ser uma experiencia do reino vegetal, palpável, como um sonho de transformação do vegetal no mineral ; da vinha poderá assim fazer-se a uva, ou um rubi, um moscatel ou um crisópraso, como se vê na obra de Huysmans.
Há uma transitividade própria da experiencia do real e do sonho.E o que é o vinho, neste caso?Diz Bachelard: "o vinho é um corpo vivo onde se equilibram os espíritos mais diversos (eu gostaria de acrescentar complementares) os espíritos voadores (eu diria voláteis) e os espíritos ponderados (eu diria fixos, como dizem os alquimistas, ou amadurecidos ), conjunção de um céu e de um terreiro (entenda-se um céu e uma terra, como no dizer chinês)...o vinho segue, amadurecendo, o ciclo das estações e assim encontra a arte mais admirável:a arte de envelhecer". Bachelard dixit, interpretando os textos dos poetas e prosadores literários mais próximos do imaginário alquímico, que hoje em dia nem aos cientistas será estranho, como o foi no tempo em que Bachelard escreveu.As anotações dos parênteses são de minha autoria, não o comprometem.
Paul Celan escreveu: "Tudo é menos do
que é,
tudo é mais."
O sonho alquímico ajuda a que se veja mais.
Mas nem toda a vinha oferece um vinho de amor, como no Cântico dos Cânticos.Os vinhateiros do mesmo Paul Celan escavam mais fundo o vinho-sumo da morte:
"Vinhateiros escavamo relógio das horas sombrias
cada vez mais fundo,
tu lês,
o Invisível
desafia
o vento,
tu lês,
os Abertos trazem
a pedra atrás do olho,
ela te reconhecerá,
no dia do Sabbath. "
(in A Cerca do Tempo)
Aqui vemos, emanando de uma mesma cultura ancestral, como o símbolo se inverte , numa tremenda dinâmica de sofrimento e regressão.
Ainda a casa...
Gaston Bachelard continua a ser, ainda hoje, um guia nestas matérias inesgotávais do imaginário literário e não só, também antropológico e científico.
Ao ler LA TERRE et les RÊVERIES du REPOS encontramos a descrição da "intimidade material", capítulos sobre a "casa natal e a casa onírica" e seu significado oculto/revelado (pois o sonho de imagem forte é sempre revelação), "o complexo de Jonas" , ou da casa que nos engole, e nem sempre nos salva, algo de que bem se podem queixar muitas mulheres, ou jovens que os pais não permitem que cresçam,e ainda, com forte implantação à terra o imaginário da gruta, (um arquétipo primordial) ou o do labirinto, que não foi apenas guardado pelo minotauro, mas continua em "desenvolvimento" nos nossos hemisférios cerebrais, por onde um fio de Ariadne nem sempre nos conduz.
Bachelard termina esta obra com imagens que nos são habituais, mas que requerem aprofundamento: a serpente, a raiz ( tão importante, a raiz, para centrarmos a vida, a nossa e o entendimento da dos outros, e finalmente o vinho e a vinha dos alquimistas.
Bachelard sublinha que a alquimia é sempre de grande ambição no tocante à visão do mundo:" Ela vê um universo em acção na profundeza da mais pequena substancia; mede a influencia das forças multiplas e longínquas na mais lenta das experiencias.Que esta profundidade seja finalmente uma vertigem, que esta visão universal pareça uma visão onírica quando comparada aos princípios gerais da ciência moderna , é algo que não invalida o poder psicológico de tanta rêverie, de tanta imagem honrada por uma tão constante convicção" . A conclusão que se retira do percurso de G.B. é que há leis próprias do sonho,princípios da vida onírica: " em todos os seus objecto, a NATUREZA sonha".
Seguindo a meditação alquímica fundamentada na natureza acedemos ao que se chama " a convicção da imagem" poeticamente saudável provando que a poesia não é um jogo uma brincadeira, mas antes "uma força da natureza".
Ao ler LA TERRE et les RÊVERIES du REPOS encontramos a descrição da "intimidade material", capítulos sobre a "casa natal e a casa onírica" e seu significado oculto/revelado (pois o sonho de imagem forte é sempre revelação), "o complexo de Jonas" , ou da casa que nos engole, e nem sempre nos salva, algo de que bem se podem queixar muitas mulheres, ou jovens que os pais não permitem que cresçam,e ainda, com forte implantação à terra o imaginário da gruta, (um arquétipo primordial) ou o do labirinto, que não foi apenas guardado pelo minotauro, mas continua em "desenvolvimento" nos nossos hemisférios cerebrais, por onde um fio de Ariadne nem sempre nos conduz.
Bachelard termina esta obra com imagens que nos são habituais, mas que requerem aprofundamento: a serpente, a raiz ( tão importante, a raiz, para centrarmos a vida, a nossa e o entendimento da dos outros, e finalmente o vinho e a vinha dos alquimistas.
Bachelard sublinha que a alquimia é sempre de grande ambição no tocante à visão do mundo:" Ela vê um universo em acção na profundeza da mais pequena substancia; mede a influencia das forças multiplas e longínquas na mais lenta das experiencias.Que esta profundidade seja finalmente uma vertigem, que esta visão universal pareça uma visão onírica quando comparada aos princípios gerais da ciência moderna , é algo que não invalida o poder psicológico de tanta rêverie, de tanta imagem honrada por uma tão constante convicção" . A conclusão que se retira do percurso de G.B. é que há leis próprias do sonho,princípios da vida onírica: " em todos os seus objecto, a NATUREZA sonha".
Seguindo a meditação alquímica fundamentada na natureza acedemos ao que se chama " a convicção da imagem" poeticamente saudável provando que a poesia não é um jogo uma brincadeira, mas antes "uma força da natureza".
Jean Cocteau, Opium
Para o amigo psi., meditação:
" Langue vivante du rêve, langue morte du réveil...Il faut interpréter, traduire".
Esta tradução do sonho equivale a abri-lo, a fazer a sua ampliação de sentido, a amplificatio dos alquimistas.
" Langue vivante du rêve, langue morte du réveil...Il faut interpréter, traduire".
Esta tradução do sonho equivale a abri-lo, a fazer a sua ampliação de sentido, a amplificatio dos alquimistas.
Sunday, March 05, 2006
Y. Bonnefoy / Lugar Verdadeiro ,trad.
Que um lugar seja dado àquele que se aproxima,
Alguém com frio e privado de casa.
Alguém tentado pelo som de uma lâmpada ,
A soleira da casa só ela iluminada.
E se ele ficar moído de angústia e de cansaço
Repitam para ele as palavras da cura.
Que falta ao coração que era apenas silencio,
A não ser a palavra, sinal e oração,
Como um pequeno lume,de repente, na noite,
A mesa que se avista de alguma pobre casa?
Alguém com frio e privado de casa.
Alguém tentado pelo som de uma lâmpada ,
A soleira da casa só ela iluminada.
E se ele ficar moído de angústia e de cansaço
Repitam para ele as palavras da cura.
Que falta ao coração que era apenas silencio,
A não ser a palavra, sinal e oração,
Como um pequeno lume,de repente, na noite,
A mesa que se avista de alguma pobre casa?
Saturday, March 04, 2006
Yves Bonnefoy
Sugestão de leitura : HIER RÉGNANT DÉSERT
...
"Aurora de um novo dia,
Entrei enfim na tua casa ardente
E parti esse pão de onde brota a água mais longínqua."
Símbolos para meditar : a aurora nascente, de que já falámos; a casa que se abre (espaço de acolhimento) ; o pão que se partilha, a água que se bebe como fonte de vida.
Yves Bonnefoy é profundo conhecedor da simbólica alquímica e a sua poesia oferece a meditação frequente da "pedra", do "fogo", da "água" do "lugar" de perfeição que se procura.Leitor de Baudelaire, Rimbaud, Mallarmé, que são como ele mágicos da palavra, reconhece T.S.Eliot como fundador do mito da cultura moderna em THE WASTE LAND, mas acusa-o de ter ignorado a possibilidade do espaço de redenção que através da "pergunta" de um Parsifal pode ser concedido. Tal espaço é símbolo da nova consciencia que se pode adquirir, à qual nos será dado chegar,obtendo uma resposta por agora "obscura"( no dizer de Bonnefoy) à interrogação da nossa voz.
Tal é a função do poeta : interrogar, para que "um novo possível se erga sobre a ruína de todo o possível ".
(Ver L'Acte et le Lieu de la Poésie, 1958 )
...
"Aurora de um novo dia,
Entrei enfim na tua casa ardente
E parti esse pão de onde brota a água mais longínqua."
Símbolos para meditar : a aurora nascente, de que já falámos; a casa que se abre (espaço de acolhimento) ; o pão que se partilha, a água que se bebe como fonte de vida.
Yves Bonnefoy é profundo conhecedor da simbólica alquímica e a sua poesia oferece a meditação frequente da "pedra", do "fogo", da "água" do "lugar" de perfeição que se procura.Leitor de Baudelaire, Rimbaud, Mallarmé, que são como ele mágicos da palavra, reconhece T.S.Eliot como fundador do mito da cultura moderna em THE WASTE LAND, mas acusa-o de ter ignorado a possibilidade do espaço de redenção que através da "pergunta" de um Parsifal pode ser concedido. Tal espaço é símbolo da nova consciencia que se pode adquirir, à qual nos será dado chegar,obtendo uma resposta por agora "obscura"( no dizer de Bonnefoy) à interrogação da nossa voz.
Tal é a função do poeta : interrogar, para que "um novo possível se erga sobre a ruína de todo o possível ".
(Ver L'Acte et le Lieu de la Poésie, 1958 )
Friday, March 03, 2006
A Casa
A casa , como o templo ou a cidade, pode simbolizar o centro do mundo, o coração do universo.Pode ser quadrada, como a casa chinesa, ou a árabe, sendo que nesta o verdadeiro centro é um pátio interior, com um jardim ou uma fonte que evocam o paraíso primordial.
Também nos textos budistas e taoistas, o corpo humano e a casa surgem identificados, como centros subtis da vida e da criação.Na roda da vida tibetana o corpo é figurado por uma casa de seis janelas .
Segundo Gaston Bachelard, o autor que mais deve ser lido para o conjunto do imaginário do fogo, da terra e do ar, a casa representa o ser interior; os andares, a cave, o sótão, serão os vários estados de alma. A cave é o inconsciente, com a sua carga de nigredo, de negro de alma , própria do fim ou do recomeço, pois sabemos que cada étapa final permite e indica um recomeço, na obra do alquimista. O sótão pode representar um momento de sublimação espiritual.
Mas a casa é mais ainda:é um símbolo do feminino, um espaço fechado de protecção, como um útero,ou o colo materno para a criança pequena. É o refúgio ansiado.
Dentro da casa e conforme as várias situações podemos ler/ver diferentes graus de evolução espiritual; a cozinha é alquímica por excelência, ali se prepara o alimento, ali se cozinha (se transforma) a matéria da obra que é precisamente a alma humana.
O que é a casa / prisão?/O que é a casa / refúgio? / O que é a casa/ razão / ou subterfúgio ? In PERTO DA TERRA (1984)
Q'une place soit faite à celui qui approche,/Personnage ayant froid et privé de maison ./Personnage tenté par le bruit d'une lampe,/ Par le seuil éclairé d'une seule maison./ Et s'l reste recru d'angoisse et de fatigue,/ Q'on redise pour lui les mots de guérison./ Que faut-il à ce coeur qui n'était que silence,/ Sinon des mots qui soient le signe et l'oraison ,/ Et comme un peu de feu soudain la nuit,/ Et la table entrevue d'une pauvre maison ? " Yves Bonnefoy, in VRAI LIEU .
Também nos textos budistas e taoistas, o corpo humano e a casa surgem identificados, como centros subtis da vida e da criação.Na roda da vida tibetana o corpo é figurado por uma casa de seis janelas .
Segundo Gaston Bachelard, o autor que mais deve ser lido para o conjunto do imaginário do fogo, da terra e do ar, a casa representa o ser interior; os andares, a cave, o sótão, serão os vários estados de alma. A cave é o inconsciente, com a sua carga de nigredo, de negro de alma , própria do fim ou do recomeço, pois sabemos que cada étapa final permite e indica um recomeço, na obra do alquimista. O sótão pode representar um momento de sublimação espiritual.
Mas a casa é mais ainda:é um símbolo do feminino, um espaço fechado de protecção, como um útero,ou o colo materno para a criança pequena. É o refúgio ansiado.
Dentro da casa e conforme as várias situações podemos ler/ver diferentes graus de evolução espiritual; a cozinha é alquímica por excelência, ali se prepara o alimento, ali se cozinha (se transforma) a matéria da obra que é precisamente a alma humana.
O que é a casa / prisão?/O que é a casa / refúgio? / O que é a casa/ razão / ou subterfúgio ? In PERTO DA TERRA (1984)
Q'une place soit faite à celui qui approche,/Personnage ayant froid et privé de maison ./Personnage tenté par le bruit d'une lampe,/ Par le seuil éclairé d'une seule maison./ Et s'l reste recru d'angoisse et de fatigue,/ Q'on redise pour lui les mots de guérison./ Que faut-il à ce coeur qui n'était que silence,/ Sinon des mots qui soient le signe et l'oraison ,/ Et comme un peu de feu soudain la nuit,/ Et la table entrevue d'une pauvre maison ? " Yves Bonnefoy, in VRAI LIEU .
Wednesday, March 01, 2006
Ler o Yi King
A leitura e meditação do I Ching, Yi King na trad. francesa de Etienne Perrot, ajuda a entender talvez melhor do que qualquer outro texto, a lógica da contradição ou da complementaridade. Não é um livro de alquimia, é o "Livro das Transformações", de que Carl Gustav Jung fez seu livro de cabeceira, segundo nos diz na sua Autobiografia.
Embora muitas vezes usado como livro de adivinhação, não é essa a sua função principal.Os 64 hexagramas, no seu jogo, dão a ler a circunstancia do momento (social, política ou individual) obrigando ao esforço de entender o que se passa mais do que a adivinhar o que se iria passar.
Como Livro de Sabedoria que é, remete-nos ao fim e ao cabo para nós próprios e para a nossa circunstancia. Temos de ser nós a saber aprofundá-la .
Tanto quanto o Yi King, são interessantes para um espírito ocidental O Segredo da Flor de Ouro e o Livro da Consciencia e da Vida, ambos próximos dos tratados de alquimia mas contendo lição mais subtil e complexa bem ao estilo dos tratados chineses imbuídos de taoísmo.
Embora muitas vezes usado como livro de adivinhação, não é essa a sua função principal.Os 64 hexagramas, no seu jogo, dão a ler a circunstancia do momento (social, política ou individual) obrigando ao esforço de entender o que se passa mais do que a adivinhar o que se iria passar.
Como Livro de Sabedoria que é, remete-nos ao fim e ao cabo para nós próprios e para a nossa circunstancia. Temos de ser nós a saber aprofundá-la .
Tanto quanto o Yi King, são interessantes para um espírito ocidental O Segredo da Flor de Ouro e o Livro da Consciencia e da Vida, ambos próximos dos tratados de alquimia mas contendo lição mais subtil e complexa bem ao estilo dos tratados chineses imbuídos de taoísmo.
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