Monday, May 01, 2006
LA TOURBE DES PHILOSOPHES
Na série dos clássicos da alquimia as Ed. Dervy publicaram em 1993 a primeira edição em francês moderno da Turba dos Filósofos, texto alquímico dos mais célebres, logo a seguir à Tábua de Esmeralda.
Nesta espécie de resumo enciclopédico dos dizeres dos mais antigos filósofos herméticos encontraremos muitas referencias a SENIOR, o IBN UMAIL de que já nos ocupámos e que julgo ser, com o autor do tratado do PICATRIX, uma das fontes mais importantes de toda a alquimia medieval.
A mais antiga edição da TURBA remonta ao século XVII, mas esta edição é feita a paritr da BIBLIOTHECA CHEMICA CURIOSA de Manget, (Genève, 1702), que contém duas versões do texto.
Entende o editor que ele se mantém fiel à Tradição, embora se adivinhem deturpações resultantes da utilização feita por autores árabes.
O corpus dos bons autores citados inclui a ARTIS AURIFERAE, uma das recolhas igualmente importantes, por transmitirem muita informação teórica e prática.
A TURBA é considerado um dos mais antigos tratados que não se limita a uma selecção de receitas contendo o Grande Segredo da Arta. É uma exposição dos arcanos (segredos) do mundo e de um modo de trabalho, o próprio do adepto de alquimia.
Sugere-se um regresso às fontes mais antigas, dos egípcios, babilónios e antes deles os chamans, praticantes da arte de fundir e trabalhar os metais, sendo o fogo o elemento por excelencia da transformação desejada.Nem a química já desenvovida na Idade-Média os podia ultrapassar.
Como leituras indicadas para continuar o entendimento da TURBA, deixa-nos o editor com RUSKA, TURBA PHILOSOPHORUM (Berlin, 1931) e com Paulette DUVAL, LA PENSÉE ALCHIMIQUE et le CONTE DU GRAAL ( Paris,1979 ). Esta última obra especialmente interessante para o estudo das lendas do Graal, desde a Idade-Média em que se constituem e em que o processo de iniciação do herói, suas aventuras e desventuras, em muito prefiguram as metamorfoses da Pedra. Para além de se supôr que houve marcas árabes, neste tipo de iniciação.
Por mim permito-me acrescentar, de PIERRE PONSOYE, L'ISLAM ET LE GRAAL, um estudo sobre o esoterismo do PARZIVAL de Eschenbach ( MILANO, 1976 ) :
" O enigma do Graal não deixará nunca de despertar o interesse profundo do homem que medita, porque o seu LUGAR fica para lá de todos os problemas secundários do espírito...no retiro muito íntimo desse mistério que é a memória espontânea das coisas divinas."
É no capítulo dedicado aos Templários e ao Templo e o Islão que melhor se desenvolve esta ideia.
Mas regressemos à TURBA:
Foi impressa pela primeira vez em 1572 em Bâle, incluída no volume da ARTIS AURIFERAE e mais tarde muitas vezes recuperada, melhor ou pior transcrita,nas recolhas da tradição ocidental.
As fontes manuscritas conhecidas são várias, datadas do séc XIII, mas não se conhecem versões árabes nem nenhum original grego que pudesse ajudar a resolver o problema da origem do texto. Ruska (que utilizou o ms de Berlin, QU 584 estabelece um paralelo com o KITAB-al-HABIB, citado por BERTHELOT ( La Chimie au Moyen-Âge ,tomo III, pp. 76-109 ) ; e um outro estudioso, PLESSNER, reconhece semelhanças com as CONTROVÉRSIAS e CONFERENCIAS DOS FILÓSOFOS de UTMAN-ibn-SUWAID , que julga ser o verdadeiro autor da Turba.
Suwaid naceu em Panopolis, que foi até ao séc. VI uma importante colónia grega e por aí podia de facto ter adquirido os conhecimentos das doutrinas herméticas e alquímicas.
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