Friday, May 26, 2006

Maier, EMBLEMA XLIX


Podia ser Jasão, com os companheiros, segurando o Velo do carneiro.Mas representa-se Orion.
A legenda reza:" O filho dos filósofos tem três pais, como Orion".
Trata-se de uma alusão aos três princípios, enxofre, mercúrio e sal; nos tratados alquímicos as alusões dividem-se entre as que se referem aos princípios, sempre presentes, ainda que nem sempre citados, e os quatro elementos, terra, fogo, ar e água, igualmente sempre presentes mesmo que citados ou omitidos parcialmente.
O comentário da estrofe é como segue:

"A fábula ensina-nos que Hermes, Vulcano, Phebus
numa pele de boi deitaram a sua semente,
e que o grande Orion teve em simultâneo três pais.
De três pais nasce igualmente o filho da Sabedoria:
o primeiro é o Sol, e Vulcano o segundo;
O homem hábil na sua arte é o terceiro pai."

O mito é o de Orion, mas no comentário que acompanha a gravura, como observa Faivre, Maier dá a entender que se refere a dois mitos ( ao de Jasão também ) e não apenas àquele; no comentário à gravura XLIV designa Jasão como uma das figuras mitológicas que representam a alquimia, tal como Hércules, Ulisses, Teseu,Pirithous.
A lição é a do Homem Sábio, que pela sua arte ultrapassa as dificuldades e atinge os seus objectivos : esse é o verdadeiro Pai da Obra: " ..Para que nasça nele um poder mais forte mil vezes do que o do sol, o pai entrega-o a Vulcano e ao artista ao mesmo tempo, para que cultivem a sua natureza generosa e que receba deles um acréscimo de vigor.Foi assim que Aquiles, Jasão e Hércules foram confiados a Chiron, com a mesma intenção de os instruir" (Atalanta Fugiens, DISCURSO XLIX).
No discurso XLIV é então esclarecido o nome, múltiplo, do Artista:
" O artista é Hércules, Ulisses, Jasão, Teseu, Pirithous.Inúmeros são os trabalhos e perigos de que estes artistas esgotaram a taça.Vede os trabalhos de Hércules, as navegações errantes de Ulisses, os perigos de Jasão, as aventuras de Teseu...Há aqui um volume considerável de matéria de ensino..." ( Atalanta Fugiens, trad.E.Perrot, ed.Dervy,Paris,1969 )

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