Sunday, April 23, 2006
Mozart, um iniciado
A imagem representa Mozart revestido das suas insígnias maçónicas de iniciado no Grau de Mestre. Segundo podemos ler em Jacques Chailley," LA FLUTE MAGIQUE, Opera Maçonnique ",1975, é uma pintura anónima do séc.XIX incluída na obra de J.Kuess-Scheichelbauer " 200 JAHRE FREIMAUREREI IN OESTERREICH" .
A Flauta Mágica ( de 1791 / 92 ) é uma das mais importantes criações de Mozart, que nessa obra soube transmitir toda a lição simbólica, alquímica e maçónica conhecida e praticada no seu tempo por artistas com a dimensão de um Goethe, entre outros.Através de uma história de amor, à primeira vista igual a tantas que são narradas nos contos de Fadas, procede-se a uma verdadeira operação iniciática,com a luta entre o bem e o mal, a luz e as trevas, o controle dos elementos terra, ar, fogo, água , a meditação dos tres princípios, o repúdio das pulsões do instinto e da ambição voraz (figuradas em Monostatos) tendo por contraponto moral a doutrina que melhor representava o ideal de Educação e Progresso na época.
Sarastro retira a filha, Pamina, da influencia nociva da mãe, a Rainha da Noite, porque deseja educá-la nos sãos princípios que convêm a um século como o das Luzes.
Apesar de já haver, no século XVIII, Lojas de iniciação feminina, que seriam espaços de emancipação " avant- la- lettre ", ainda veremos, nesta ópera, comentários pouco abonatórios da apreciação da capacidade de autonomia das mulheres.
De qualquer modo trata-se aqui de uma obra de arte do pensamento da época, no tocante à certeza do progresso através de modelos de liberdade, igualdade, fraternidade e respeito mútuo, que levam, por mais do que uma vez a dizer-se, no libretto, que se é um Homem, um Ser Humano (ein Mensch) e que isso é mais do que qualquer outra condição, seja ela de Príncipe ou outra ainda maior que se imagine.
Goethe foi tão grande admirador desta ópera que tentou fazer-lhe uma continuação. Mas seria difícil, como se verificou e acabou com um fragmento, hoje em dia possível de ler, mas francamente pouco interessante. A ópera de Mozart é Obra completa em si mesma, e não haverá outra igual.
O que Goethe fez, com identica sabedoria e mestria foi então o seu Conto da Serpente Verde, publicado em 1795.Aqui assistimos a um mesmo modelo de iniciação simbólica e maçónica, através também do encontro de um Príncipe e de uma Princesa, marcados para propiciar o progresso à humanidade que a transformação da serpente verde em ponte permitiria.
Para aprofundar estas questões sugiro que se leia o Link "Música nas Esferas" de Pedro Moreira, e ainda:
THE COMPLEAT MOZART, A Guide to the Musical Works of Wolfgang Amadeus Mozart, ed. Neal Zaslaw /William Cowdery,1990. É uma obra de fácil e agradável leitura, cheia de informação; e ainda, para a simbólica do Jardim:
A SIMBÓLICA DO ESPAÇO...ed. Estampa,1991.
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