Sunday, April 09, 2006

dom Pernety



No Dictionnaire Mytho-Hermetique, Dom Pernety, já no século XVIII enumera todos os nomes de Isis: Ceres, Juno,Lua, Terra, Proserpina,Thétis, Cibele, Mãe dos deuses,Vénus, Diana, Hécate, isto é, toda a Natureza, todo o Feminino,o que fez com que também a designassem por" Deusa de mil nomes" .
Para os filósofos herméticos representava o lado obscuro, lunar, húmido,feminino, da Pedra. Era o Mercúrio, por oposição ao Enxofre,masculino, solar , seco, luminoso, próximo da consciencia, enquanto o Feminino se recolhia nas profundezas do inconsciente, onde seria necessário mergulhar.
São muitas as gravuras onde num vaso, num athanor, se vê o par masculino/feminino (o par de opostos que depois de conciliados, "integrados" constituirá a perfeição da Pedra) abraçando-se num banho mercurial, aquático, e passada essa fase o mesmo par ascendendo ao espaço etéreo do outro elemento primordial, o Ar, que junto com a Terra, a Água e o Fogo constituem na realidade a materia prima de toda a transformação.
Alguns alquimistas preferem experimentar com os três princípios, Mercúrio, Enxofre, Sal (o Mediador), outros com os quatro elementos, mas em todas as descrições e nas gravuras que muitas vezes as acompanham o que ressalta é a chamada de atenção para fases que se sucedem, e por vezes regridem (como nos casos de depressão) podendo haver uma nigredo depois de já ter havido uma cauda pavonis, sinal de grande avanço, pela multiplicidade de cores, como na cauda de um pavão, mas que não tendo sido entendido o processo fazem com que a obra tenha de ser retomada, ainda que com esperança maior.
As cores fundamentais do processo alquímico são o negro, o branco, o vermelho -havendo pelo meio a multicolor cauda de pavão: nigredo, albedo, rubedo, -cauda pavonis entretanto surgindo ou não.
Quanto ao sal, mediador, é a substancia "composta de terra sulfurosa e água mercurial", nas palavras de Dom Pernety.É já em si mesmo um conceito que implica uma base de completude.E por analogia, ajudará o adepto a atingi-la.
Tudo neste imaginário complexo aponta para uma sábia mediação,feita de humildade e paciencia, quando o trabalho exige repetição sem fim.O enxofre ( o fogo ) em excesso mata, porque queima, o mercúrio ( a água ) em excesso mata, porque afoga.
No meio estará a virtude.

O drama cósmico da separação do céu e da terra (do material e do espiritual no homem) é ilustrado desde os tempos mais antigos, como se pode ver em alguns papiros egípcios. Mas a ambição dos alquimistas é devolver o universo à sua unidade primeira.
Consulte-se para aprofundamento das matérias C.A.BURLAND,THE ARTS OF THE ALCHEMISTS,1967.

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