O Pintor e a tela branca
(para o Pedro Chorão, no
atelier desmanchado...)
naquela manhã de sol
em que acordou sem sonhar?
Pequenos rasgões de luz,
pequenos rasgões de negro
e matérias variadas
ali a desafiar.
e pinta
pega na tesoura e corta,
ou na faca da cozinha,
que lhe faltava afiar...
ali escondia de tudo,
farrapos
meio cozidos
nuvens por descarregar
e um certo azul magoado
que se deixava ficar...
em que a tela não falasse
nada lhe chegaria
nem que essa luta o matasse.
(Lisboa, 6 de Outubro, 2020)
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