Wednesday, September 13, 2017

Flower and Song

Flower and Song - Flôr e Canto
É uma selecção de poemas aztecas com tradução e prefácio de Edward Kissam e Michael Schmidt (Anvil Press Poetry, 1977).Tinha este livro na estante, ao lado do Popol Vuh, o livro fundador da civilização dos Maias, e já um pouco esquecido por outras leituras que se foram impondo.
Mas o poema do Discurso do Cacto levou-me de novo - os livros são assim, ora se deixam esquecer ora de súbito se impõem - a esta imagem, também ela fundadora, da flôr e do canto, que figura o nascer da poesia, do poema inicial e iniciático, como no caso do Orfeu ocidental, com o seu canto, a sua flauta ou a sua lira.
No poema n.49 (p.62), encontro a Canção de Mimixcoa, que completa de forma inspirada, numa civilização ainda misteriosa e tão distante da nossa (em parte fomos nós, no século XV, os culpados da sua destruição), a visão que temos da origem do Verbo criador, do poema, da poesia que depois se expande em múltiplas florações....
Eis o poema, que traduzo aqui do inglês:
Vim das sete cavernas,
o primeiro lugar em que reinava a magia.
As minhas pègadas é daí que conduzem
 ao lugar onde as tribus começaram.

Nasci. Já nasci.
Nasci com as minhas setas de cacto
do cacto que nos embebeda.

Nasci. Surgi como canção
com o meu tambor de rede já pronto.
Nasci com o meu tambor.
Nasci com a minha rede.

Seguro-o com uma só mão, com uma
só mão o seguro, com a minha mão.
Oh, com a sua mão
ele encantará.




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