Esta é uma descoberta, feita numa das nossas bibliotecas, que dedico e disponibilisarei, com tempo, aos verdadeiros amantes da alquimia.
Trata-se de Livro Abreviado de Maria Profetisa, constando de dois folios e verso.
Aqui fica, enquanto parto, por um tempo.
Mas podem contactar-me, para mais informações; há mais, na biblioteca de onde este proveio...
5 comments:
Olá,
eu sim gostaria de saber algo mais sobre o livro de que fala, como posso obter mais informações?
Menos do que iniciado, longe, por incultura, de ser adepto, curioso apenas, em transmutação interior, cumprimento-a pelo seu blog. Permiti-me citá-lo, admirando-o:
http://joseantoniobarreiros.blogspot.com
jab
Prezada Sra.:
Gostava de oferecer ao seu criterio este poema, que talvez possua algumas concomitâncias com os poemas Tradicionais que habitualmente analisa.
Parabéns deste leitor da Galiza nao portuguesa, pelo blogue tao interessante que mantém.
Ó CORPO QUE ME FOSTE ENTREGUE POR UM CORPO DORIDO
Ó corpo que me foste entregue
por um corpo dorido,
só es terra, lágrimas e sangue
que alimentam um grão de milho.
Hás de fundar-te em mim como ruína
que minha alma sepulte,
e nada queiras ser desde esse dia
senão a mala de mais uma viagem.
Então dançarei com as pedras minhas
em círculos vagos, hierofanias
ocultas restabelecerão
nas prisões tavernas
nos betões flores acessas.
Corpo que a dor trazes
de todas as partes do mundo,
portarás às costas a verdade avulsa,
farol de amor sobre uma torre de carne.
Uma brisa nova tocará tua pele
de animal renascido,
teus bigodes felinos vibrarão
no amanhecer dos sentidos
que um novo mundo percebem
transmutados, humanos,
para sempre de tristeza feridos.
À espera —sentinela perpétua—
do pranto mercurial aguardarei o sinal
que me há-de transportar
sobre a terra e o mar
—criança sorridente—
sob o sol, adormecido.
Alfredo Ferreiro (http://olevantadordeminas.blogaliza.org/)
Caro cmondim,
Não é um livro, é um ms. latino com três folios, que se encontra inédito na Biblioteca da Ajuda, em Lisboa.Quem escreveu com detalhe sobre Maria Profetisa foi C.G.Jung, em Psicologia e Alquimia.
Para além do conjunto de receitas, que se encontram também em muitos outros alquimistas - daí virá a nascer a química, dessa experimentação inicial- o mais interessante do seu pensamento é a reflexão sobre a simbólica numérica: o um, o dois, o três, o quatro, fazendo da relação entre estes números a chave para a compreensão do mistério do Um e do Todo.
Citando: " do Um nasce o Dois, e do Dois nasce o Três e do terceiro nasce o Um como quarto ".
Observa Jung que o problema do três e do quatro é um dos paradoxos da alquimia , levando à ideia de que o número par ( o feminino) é o que permite no desdobramento da criação, alcançar o entendimento do Todo .
Na tradição alquímica, Maria é descrita como irmã de Moisés, sendo também chamada de Maria a Judia, Maria a Copta, e é provável que se possa identificar com a Maria da tradição gnóstica, aquela que é descrita como macho e fêmea, nos apócrifos.
Um dos textos mais conhecidos apresenta-nos Maria em diálogo com o seu filho Aros ( Horos). Era frequente a confusão de Maria com Isis, a deusa.
Pode aprofundar este tema em Berthelot, Collection des Alchimistes Grecs, 1888.
Vários tratados do século XVI lhe são atribuídos, e eu julgo que este ms. de Lisboa possa ser do século XVII, tendo pertencido à biblioteca de D.João IV.
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