O Pintor (ao modo de Jacques
Prévert)
Deu uns passos atrás
para assim ver melhor.
Pousou o pincel
ou seria espátula
ou raspadeira
ou tinta explodida
de tiro de caçadeira?
Olhava
Mas não sabia.
Teria dito
o que queria dizer?
E se ainda não tivesse dito
agora que tinha acabado
o que podia fazer?
Olhou mais uma vez
mais uns passos atrás:
dissera
“para mim a pintura é
resolver problemas” .
Estaria ali o problema
primeiro resolvido?
Ou dessa primeira solução
nascera
outro problema,
pedindo uma nova solução?
Uma solução-outra
de um nada nunca dito?
Afinal, concluiu ele cansado,
(pintara a noite toda
até de madrugada)
sentado no sofá e de copo na
mão
não é melhor um livro
que posso pôr de lado?
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