Friday, June 13, 2014


Luís Tinoco
O Silêncio e as Pedras

Oiço primeiro o silêncio
a gravidade 
uma harmonia que voa
um sopro que se levanta 
e nos magoa
já anunciando as pedras
que são muitas,
(são de mágoa)
as pedras pelo caminho
com o seu grito suspenso
com o seu nome gravado

E de repente ocorrem-me
os versos de Celan,
o dos silêncios de cinza
a cinza que não se guarda
como pedras que se atiram
como pedras afogadas
no Sena de negras águas

Mas este silêncio é outro:
é de harmonia dourada
criatura que respira 
faz-se ouvir numa palavra
que é só nossa 
e nos aguarda