Luís Tinoco
O Silêncio e as Pedras
Oiço primeiro o silêncio
a gravidade
uma harmonia que voa
um sopro que se levanta
e nos magoa
já anunciando as pedras
que são muitas,
(são de mágoa)
as pedras pelo caminho
com o seu grito suspenso
com o seu nome gravado
E de repente ocorrem-me
os versos de Celan,
o dos silêncios de cinza
a cinza que não se guarda
como pedras que se atiram
como pedras afogadas
no Sena de negras águas
Mas este silêncio é outro:
é de harmonia dourada
criatura que respira
faz-se ouvir numa palavra
que é só nossa
e nos aguarda